Num canto silencioso dos lagos antigos, sob a luz generosa do sol, nasceu a espirulina. Não é planta, tampouco peixe, mas um ser ancestral, uma alga azul-esverdeada que carrega, em suas voltas microscópicas, uma história de bilhões de anos.
Ela floresce onde poucos resistem em águas salgadas, alcalinas, quentes. Vive em equilíbrio com o vento e o tempo, desenhando espirais minúsculas que, vistas de perto, parecem dançar. Ali, em seu corpo pequeno, cabe um universo de cores, nutrientes, energia como se concentrasse o próprio sopro da vida primordial.
Povos antigos já a conheciam, mesmo antes de qualquer estudo ou ciência. Os astecas colhiam-na do lago Texcoco e faziam dela alimento e força. Nômades africanos, à beira do lago Chade, também a secavam, transformando em parte do sustento cotidiano. Há algo nela que atravessa o tempo, que fala de uma sabedoria que não precisa de palavras.
E assim, a espirulina segue seu curso discreto, entre as águas e os ciclos, sem alarde, sem pressa. Uma memória viva do que é ser simples e essencial.